Um Sopro de Vida

" Faça com que a solidão não me destrua. Faça com que a minha solidão me sirva de companhia. Faça com que eu tenha coragem de me enfrentar. Faça com que eu saiba ficar com o nada e mesmo assim me sentir plena de tudo. Receba em teus braços o meu pecado de pensar."

Um Sopro de Vida, Clarice Lispector.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Transitando


Tudo bem que o meu humor não é lá dos mais estáveis que existem, mas viver em são Paulo consegue enlouquecer qualquer um. Quando digo viver não me refiro às noites boêmias e mágicas da metrópole, e sim das segundas, terças, quartas e quintas (para não comentar sextas) no trafego anormal de carros de sampa. A terra da garoa ultimamente tem conseguido perder seu brilho, até a Avenida Paulista fica sem graça em meio a tantos carros com luzinhas vermelhas acesas e buzinas que não dão sossego.
Luta territorial por um metro de asfalto, os cruzamentos então, nem se fala, não interessa se o cara da frente quer virar a direita e o engarrafamento não deixa. O espírito de porco acelera, consegue se mover meio metro e para seu possante EM CIMA da faixa de pedestres. Essa é uma proeza que diversos motoristas habilidosos e com consciência coletiva são capazes de realizar. Sem contar os coitados dos desavisados que resolvem tomar um taxi em plena Cardoso de Almeida num horário pouco convencional (18:30), só de ver o taxímetro dá vontade de oferecer carona. Só não o fiz pois o meu carro estava com lotação máxima naquele momento.
Além de estar acomodando quatro pessoas, o meu veículo encontrava-se desligado e eu me vi lendo um texto da faculdade que ocupava muito mais que uma folha (o transito me proporcionou uma leitura até a segunda página, acreditam?). Nesse meio tempo divaguei sobre o cara que inventou a embreagem (risos). Podia ter pensado em uma tarefa mais árdua para o pé direito não? Numa tarde como essas quem sai mais prejudicado é a minha coxa esquerda, além é claro do passageiro que teve a infeliz ideia de pegar carona comigo. O transito de São Paulo consegue sim me tirar do prumo, e o coitado do meu amigo ouvirá (em alto e bom som) os meus lamentos e reclamações um tanto quanto rabugentas.
A cidade da selvageria do engarrafamento também comporta seus retiros espirituais. Estes são de fato a minha salvação e podem também se tornar a sua! Se não fosse a aula de yoga que tive horas antes de enfrentar esse périplo, não conseguiria por meio da respiração relevar ofensas, buzinas e fechadas incessantes. Além de relevar, não teria chegado em casa agradecendo por pelo menos ter um carro, estar estudando em uma faculdade, ter grana e a oportunidade de ter uma aula de Yoga.


PS.:E se não fosse o transito eu não teria esse tempo todo para rever meus conceitos, elaborar esse texto e dividir a experiência bizarra e um tanto quanto cotidiana com você !



4 comentários:

Marina Pessoa disse...

Curti muito !
Hahaha é a sensação de cada dia minha amiga, exatamente.
Beijinhos !!

Raffa disse...

Está ficando ótimo esse blog hein? Muito bom o texto! Amei as fotos ;)
Beijo

maju disse...

hahaha.. meu comentário não tinha ido mesmo naquele dia!!!
quero os créditos à fotógrafa aqui!!
mais um texto bom, e fotos lindas!!
parabéns!!!

Ana Demeter disse...

Maju a fotografa do século! <3